Calçada portuguesa, termo genérico, é toda a calcetaria, em geral, de pavimento tendencialmente pedonal com pedra natural, geralmente calcária, branca, mas também de basalto ou outras pedras (mármore, xisto, quartzo leitoso ou granito, por exemplo), de formato diverso e pequena dimensão (entre cerca de 3 a 4 cm e máximo de 7 cm), assente no solo de forma irregular ou regular, consoante a técnica utilizada.
Forma de produção e manutenção de pavimentos por meio de um saber-fazer tradicional. A arte de calcetar é milenar, mas a produção de calçada portuguesa inicia-se como uma técnica específica na primeira metade do séc. XIX, em Lisboa, onde se desenvolve e ganha expressão em quantidade e qualidade extraordinárias, expandindo-se por todo o país e por vários continentes, como um traço indiscutivelmente marcante da matriz não só lisboeta como nacional. Caracterizada pelo caráter pré-industrial, pela beleza estética, durabilidade, sustentabilidade económica e ecológica, esta arte tem ainda uma dimensão social fundamental para aqueles que a produzem e dela usufruem: os calceteiros, os extratores da pedra e os peões que nela pisam, tantas vezes sem a ver condignamente. São os extratores e transformadores da pedra que fornecem a matéria-prima e são os calceteiros que, com a sua mestria, por tradição viva, transmitida de pais para filhos ou adquirida, no exercício da profissão com outros calceteiros, a executam no chão, por etapas específicas, mediante o uso de ferramenta própria e do domínio de técnicas centenárias, conjugando pedras, sobretudo de calcário e basalto, trabalhadas de diferentes tamanhos, formas (segundo determinados desenhos definidos por moldes próprios) e cores diferentes, produzindo tapetes de pedra que ainda hoje engalanam as ruas da capital portuguesa e de tantas outras localidades do país e no estrangeiro. A Escola de Calceteiros veio dar um impulso à formação sistemática formal e à profissionalização, mediante uma certificação adequada a quem queira entrar no mundo da calçada portuguesa como calceteiro.
Esta arte apresenta diferentes designações que comummente se confundem como sinónimos. Na calçada portuguesa, tanto a calçada dita branca, sem decoração, como a calçada artística, com desenhos, recorrem à perícia do calceteiro para talhar e assentar a pedra, dispondo-a no solo de modo mais ou menos homogéneo, usando técnicas próprias.